O desenvolvimento cognitivo dá-se na relação com o meio, porém, ele é individual. O estádio em que um indivíduo se encontra “é radicalmente individual, não pode, pois, ser confundido com o de nenhum outro indivíduo” (BECKER, 2001, p.187).
Na realidade das salas de aulas de jovens e adultos, onde as tecnologias começam a tomar seu espaço, e cada ser é único, a cada dia recebemos diversas informações através da mídia, jornal, revista, internet. Como competir em meio a tantas informações? O professor precisa estar atento ao que esta circulando na sala de aula, quais são os assuntos do momento, quais seus interesses, para depois realizar seu planejamento. O sujeito ( aluno) precisa da interação com o objeto de estudo para ter uma aprendizagem significativa, pois poderá utilizar esse conhecimento posteriormente. Assim o aluno e o professor aprendem juntos. É a ação do sujeito que possibilita a construção de suas estruturas cognitivas.
Todos os anos em sala de aula encontramos alunos em vários estágios de desenvolvimento. Encontro muitas vezes dificuldades em montar meus projetos, muitas vezes preciso planejar um determinado assunto explorado em vários tipos de atividades práticas e teóricas, para que todos consigam ter uma melhor compreensão do assunto estudado. Através da leitura pude compreender, que mesmo tendo a mesma idade, eles podem encontrar-se em períodos de desenvolvimento diferentes. A sala de aula é entendida como uma comunidade culturalmente constituída por meio da participação de diferentes sujeitos, que assumem diferentes papéis no processo ensino-aprendizagem.
O que nos dirá se um sujeito se encontra em um ou outro período do desenvolvimento não será a sua idade, mas, ao contrário, será a sua relação com o objeto do conhecimento, será a sua maneira de pensar, refletida no modo como lida com os problemas da realidade, seja ela interna ou externa. Serão suas características cognitivas que nos mostrarão em que período de desenvolvimento se encontra, e não o inverso. A partir da idade, apenas, não podemos fazer afirmações definitivas sobre o seu nível de desenvolvimento.
Pensamento formal e ensino o adulto, tal qual a criança e o adolescente, não aprende ouvindo respostas prontas. Aprende resolvendo problemas que dizem respeito ao mundo físico ou social em que vive e lançando hipóteses sobre as transformações que devem ser implementadas. A escola que continuar a insistir no repasse de conteúdos prontos estará na contramão da dinâmica própria do pensamento.
A educação é um “processo em que a criança ou o adulto convive com o outro e, ao conviver com o outro, se transforma espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se faz progressivamente mais congruente com o do outro” (MATURANA, 2001, p. 29). Logo, a educação é um processo que se dá no mundo de convivência, porém, ao mesmo tempo, é um processo que se dá no interior do indivíduo. A história de educação de um sujeito faz parte de sua constituição, já que ele é o resultado de suas permanentes transformações nas trocas com o seu meio.
Embora tenhamos nos acostumado a relacionar o egocentrismo à criança pequena, ele ocorre em todas as idades. Logo, tanto o professor quanto o aluno, mesmo sendo adultos, podem ter dificuldades de compreender o raciocínio que o outro está realizando, reduzindo o pensamento do outro ao seu próprio.
Segundo Maturana (2001, p. 43), qualquer relação social depende de assumirmos as capacidades do outro envolvido nessa relação, e, se isso não ocorrer, essa relação deixará de ser social. O educador precisa colocar-se no lugar do educando, tentando compreender suas dúvidas a fim de lhe dar as respostas de que está necessitando e que está preparado para ouvir. Diferentes verdades existem, como tantos sujeitos existem, e devem ser respeitadas.
Um comentário:
Oi Ceres, nessa tua postagem trazes reflexões importantes a partir da leitura dos textos, principalmente o debate sobre a questão da idade e os estágios de desenvolvimento cognitivo. Pensando em todos esses conceitos que trouxeste qual ou quais te ajudam a pensar no teu processo de aprendizagem? Abração, Sibicca
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