Em muitas escolas os PPP encontram-se engavetados, onde muitos profissionais nem sequer sabem que ele existe.
Na forma em que apresenta-se, boa parte dos documentos não possibilita ao leitor, ainda que ele seja professor da escola ou da comunidade escolar, reconhecer traços individuais e próprios da escola. A começar pela Filosofia da escola.
No inicio do ano iniciamos a elaboração e reestruturação do PPP, descrevendo a realidade, qual a metodologia que iremos desenvolver, plano de trabalho individual de cada professor nele consta todas as atividades , passeios, apresentações, a serem trabalhadas. Como será o funcionamento do recreio, atividades, recreação entre outras, a equipe diretiva também elabora um plano, hora Cívica, passeios, apresentações, avaliação, currículo (conteúdos por série) entre outros ítens. ( professores, funcionários, e comunidade escolar).
Acredito que o PPP, não pode ser elaborado “fictício”, deve sair do papel e ser cumprido na integra, precisa ser claro, compreendido por todos. Precisamos ler e perceber que estamos falando da nossa realidade, ou melhor da nossa escola. É preciso e urgente que ao final de cada ano seja feita uma avaliação do que deu resultado e o que precisa ser mudado. Tratava-se de tentar compreender os modos de organização da escola e do ensino, caminhando junto com professores e a comunidade escolar, na intenção de participarmos da descoberta e apropriação das possibilidades de mudar a realidade instalada, na direção da aprendizagem do trabalho coletivo e da promoção da cidadania. Foco principal deve ser o aluno, um ensino de qualidade. Tudo começa por ele pois se tivermos um PPP bem elaborado, os profissionais terão todo um embasamento para seu planejamento, pois será discutido e reavaliado e atualizado sempre.
O assunto que discutimos com bastante freqüência em reuniões pedagógicas: Quais são as causas da repetência em massa? Quais são os fatores do desinteresse dos alunos?
Evasão escolar? Inclusão( onde as crianças são depositadas nas salas e não recebem a devida assistência, o professor muitas vezes fica desanimado, por não conseguir fazer com que esse aluno progrida em sua aprendizagem escolar.
A escola mudou pouco, ficou parada em métodos sem resultados, onde o professor é ditador de regras, segue um roteiro gigantesco de conteúdos, o aluno fica estático, absorvendo tudo sem significação , onde quando precisar aplicar o que aprendeu, não saberá com usa-lo. E não são poucas escolas que agem assim, não há uma cobrança eficaz da parte pedagógica, o professor trabalha o que vier a cabeça, não tendo uma seqüência, planejamento, objetivos, e quem é que perde com isso? O aluno.
Fala-se muito em desenvolver um aluno crítico, participativo e atuante, porém não é oferecido a ele essa possibilidade, quando há muita conversa são xingados, a começar pela posição das mesas e cadeira são enfileiradas para que não haja conversa. A sala de aula não pode ser um lugar chato, monótono, precisa ser um lugar divertido, alegre, prazeroso onde as crianças participem do planejamento, onde construam suas próprias respostas. Comecei a mudar minha prática, planejo minhas aulas em conjunto com eles, brincamos e também aprendemos muito, constatei realizando avaliações percebi um avanço significativo na aprendizagem, resultados que nos anos anteriores não aconteciam.” Brincar com as crianças não é perder tempo, é ganhá-lo. Se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para formação do homem.”(Carlos Drummond de Andrade).
Pensar, planejar e desenvolver o currículo escolar, na perspectiva da construção da cidadania supõe compreender que o aluno-cidadão não se faz tão somente a partir da aprendizagem da leitura e da escrita, embora essas sejam essenciais para desencadear a caminhada, tal como o desenvolvimento do pensamento lógico matemático e a re-elaboração dos conhecimentos de história, geografia, ciências naturais, estudos sociais assim como os das artes e da educação física, são outras aprendizagens essenciais.
0 fazer-se cidadão implica aliar o crescimento cognitivo à aquisição da autonomia moral e à capacidade de considerar, criticamente, os novos conhecimentos assimilados. A educação básica, sob essa ótica, é processo de descoberta e leitura do mundo dos homens e do mundo da natureza que leva a compreender não só a importância social dos saberes escolares mas como esses saberes foram produzidos. Tal processo se inicia desde a definição do currículo de cada escola e através dele se desenvolve. Logo, o currículo é muito mais do que um plano estático, é também um processo vivenciado por professores e alunos.
Em muitas escolas falta materiais, jogos, didáticos, material para educação física, apóio pedagógico, como oferecer aulas atrativas? Muitas vezes o professor pode contar somente com o quadro e giz. Mas há outras formas formas de ensinar, fazer a criança vivenciar o conteúdo, tocar, sentir, ouvir, construir, experimentar e vivenciar.
A escola deve ser um lugar estruturado, um espaço que ofereça condições de produção do conhecimento para alunos e professores, o que torna imprescindível eliminar os métodos que favorecem a assimilação sem significado, a domesticação, a dependência intelectual, a acomodação das mentes.
Mudanças metodológicas não podem, contudo, ser propostas, ou muito menos implantadas, por simples questão de modernidade, novidade ou imposição burocrática. Essa é uma consideração importante porque os professores, honestamente preocupados em alcançar o sucesso em seu trabalho, geralmente aceitam as propostas acreditando ser maneira encontrada para a possível melhora na qualidade do ensino e a resposta acabar com o fracasso escolar.
Para alunos envolvam-se no processo de construção e reconstrução crítica do conhecimento, há que se orientar o currículo e as práticas no sentido de procedimentos de ensino que levem professores e alunos a observar atentamente a realidade que os cerca, a examiná-la e discuti-la em profundidade, a reinquirir suas próprias interpretações, confrontando-as com aquelas que o mundo da ciência apresenta. Trata-se de buscar uma metodologia de ensino que torne os alunos capazes de, através do trabalho e da reflexão coletivos, construírem sua autonomia, capazes de repensar sua realidade pessoal para construir sua identidade e de formar-se como cidadãos, ativos, críticos, conhecedores de seus direitos e responsáveis pela tarefa de transformar sua sociedade.
A construção efetiva de um novo projeto educativo, através de um Projeto Político Pedagógico que signifique um currículo emancipador, certamente fracassará se não projetar uma nova concepção de avaliação das aprendizagens escolares e não vinculá-la à avaliação do ensino.
Exatamente por se tratar de difícil combinação de exigência racional e exercício de sentimento, a avaliação tem se mostrado como uma das tarefas mais complexas e, por isso mesmo, menos bem assumidas no processo educativo escolar. Ao mesmo tempo, ela se constitui em uma das grandes inquietações, é a maneira de acompanhar o desenvolvimento do aluno, organizando a estrutura didática e curricular, sem perder o sentido da unidade e da totalidade. No contexto de uma educação conservadora, a avaliação atua como instrumento de sujeição às normas e valores dominantes, desenhando-se, portanto, de modo coerente com o arbitrário que marca as escolhas de conteúdos de ensino e com o teor reprodutivo - intencional ou produzido pelo desconhecimento que caracterizam os modos de ensinar. "Cobra-se" do aluno aquilo que, se pretende, tenha ele aprendido; dele se espera a devolução ou aplicação mecânica dos "saberes", mediante exercícios repetitivos, rotineiros, que quase nada têm a ver com o pensar ou com o construir idéias e conhecimento. de aprimorar o intelecto, possibilitando um aprendizado capaz de não só formar alunos, mas também cidadãos conscientes, capazes de modificar e melhorar o meio em que vivem.
A avaliação precisa ser qualitativa, muitas escolas exigem um número X de avaliações( quantitativas), onde perde-se tempo, no lugar poderia ser ensinado outros assuntos e conhecimentos. Em nossa escola discutimos sobre isso, e chegamos a conclusão que a avaliação precisa ser da forma qualitativa. Onde não só os alunos são avaliados, mas todos os setores da escola.
A cada final de trimestre, a supervisora vai até a sala, o professor retira-se para que não ocorra constrangimento, em conjunto são analisado cada setor da escola, metodologia, atendimento, educação, rendimento, aspectos a melhorar, aspectos que estão bons e o que ainda precisa ser melhorado, a começar pela a turma, professoras, biblioteca, secretaria, direção, supervisão, merenda, funcionárias da escola. Depois de levantados os dados, a turma recebe um retorno.
Dois alunos são escolhidos de cada turma para participar do conselho de classe. Onde irá fazer anotações para passar para a turma, o professor também anota individualmente as dificuldades, avanços de cada aluno, depois a sós com o aluno conversa e explica o que ainda precisa ser superado, o que avançou, o que precisa melhorar, os resultados são imediatos, muitas vezes achamos que os alunos sabem o que precisa ser melhorado, muitos realmente não sabem. Eles começam a ler e estudar mais. Lembro que no inicio do ano tinha muitas dificuldades em mandar atividades extras para casa, no outro dia a metade não fazia, hoje é melhorou é 98% que fazem.
Trabalhamos com vidas, sentimentos, pessoas diferentes umas das outras, onde todas trazem consigo uma bagagem inesgotável de conhecimentos, cabe ao professor sensibiliza-se, construir junto com os alunos a aprendizagem que seja significativa, onde posteriormente usará para exercer sua cidadania.
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