sábado, 15 de dezembro de 2007

Psicologia do Jogo...




Sala de aula é lugar de brincar?
“Brincar com as crianças não é perder tempo, é ganhá-lo. Se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.” (Carlos Drummond de Andrade).
Este mês realizamos a tão esperada “Noite do Pijama”. Brincamos e rimos muito. Algumas brincadeiras dança da cadeira, procurar balas na farinha, furar balões, procurar objetos na barraca com bolinhas, caçamos o tesouro, tomamos banho, lanchamos, realizamos um desfile de pijamas, a professora contou uma história e fomos dormir. Pela manhã tomamos um gostoso café.
Descobrimos então que a BRINCADEIRA nos trás muitos desafios e aprendizagens.
Pra Vygotsky(1987) “o brincar é uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com sujeitos, crianças e adultos.”
Já demonstramos que somos criativos e amigos uns dos outros. Gostamos de brincar no pátio juntos, brincamos de brincadeiras já conhecidas e criamos outras. Nossas preferidas são: pega-pega, casinha, dançar, mamãe e filhinha, futebol, coelhinho sai da toca, elástico, passa- passará...
Também ajudamos nossa escola, recolhendo papéis que encontramos no chão e colocando no lixo, pra que nosso pátio fique ainda mais bonito e limpo.
Na sala de aula brincamos juntos ou em pequenos grupos, sempre interagindo uns com os outros.
Nos brinquedos livres gostamos de brincar de casinha, brincar de comprar e vender livros, com os colchonetes, com os legos, carrinhos, jogos de memória. Ultimamente a caixa de papelão onde guardamos os dados de tecido virou carrinho para deslizarmos pela sala e também caminha para dormir.
Também estamos fazendo descobertas na área da linguagem, ouvindo e contando histórias. Já sabemos que há várias formas de registrar algo: desenhando, falando e escrevendo. Gostamos de criar histórias, como aquela com fantoches.
Nas quintas-feiras temos aula de educação física com a professora Suzete, que são sempre esperadas com alegria, pois ela deixa explorar diversos materiais como bola, corda, bambolês, entre outros nos fazendo explorar o corpo e suas capacidades com movimento e agilidade, nossa professora também nos leva para o pátio uma vez por semana, lá fazemos brincadeiras de roda, gato e rato, desenhamos com giz no chão, brincadeiras recreativas, onde temos que correr, fugir, saltar lançar entre outros. Estas atividades ajudam a desenvolver habilidades motoras para nossa formação integral na aceitação as diferenças, no respeito e na tolerância.
Nós educadores muitas vezes ficamos preocupados em vencer conteúdos, com conversas excessivas em aula, brigas, pouco rendimento escolar, faltas, repetência entre outros fatores. A sala de aula muitas vezes é pouca atrativa, é sempre as mesmas coisas, atividades de fixação de conteúdos que os alunos fazem na outra semana não lembram de mais nada, pois esse tipo de exercício não foi significativo, ele não participou na elaboração e construção, que sujeitos queremos formar?
A sala de aula precisa ser um espaço onde a criança possa ser criança, possa brincar, inventar,criar e sonhar. O jogo, está relacionada a movimento, jogar, portanto responde à necessidade de garantir uma posição ativa, de ser sujeito de uma experiência, dominando-a.
A criança ensaia em cenários lúdicos comportamentos e situações para as quais não está preparada na vida real, projeta-se nas atividades dos adultos, ensaiando atitudes, valores, hábitos, significados que estão muito aquém das suas possibilidades efetivas. Mesmo considerando que existe uma grande diferença entre o comportamento na vida real e o comportamento no jogo, a atuação no mundo imaginário cria uma Zona de Desenvolvimento Próximo composta de conceitos, ou processos em desenvolvimento. As interações requeridas no jogo possibilitam a internalização do real e promovem o desenvolvimento cognitivo. Outro fator de grande importância é que jogo deve ser realizado de forma tão livre e espontânea que à escola não cabe intervir, mesmo que durante o jogar o aluno demonstre dificuldades de aprendizagem. O objetivo do jogo nada mais é, antes de mais nada, jogar.
Brincadeira, aprendendo com o brincar, para aprender brincando, a brincadeira é vista ora como ação livre, ora como atividade supervisionada pelo adulto. Brincadeira pode ser dirigida ou livre. A brincadeira livre possibilita a criança a interagir mais, inventar e criar outras possibilidades.
Brinquedo, através do simbolismo do brinquedo transfere interesses,fantasias ansiedades e sentimentos de culpa. Brincar, então é um meio de compreender e relacionar-se com o meio. O brinquedo expressa qualquer objeto que serve de suporte para brincadeira livre ou fica atrelado ao ensino de conteúdos escolares, cabendo à criança manipulá-lo livremente.
Ludicidade,uma aula lúdica não é aquela que ensina conteúdos com jogos, mas aquela em que as características do brincar estão presentes, é livre , imprevisível, capaz de absorver a pessoa que brinca, não centrada na produtividade. É preciso aprender a brincar para aprender a viver.
Quero fazer da minha sala de aula um lugar legal, divertido, lúdico onde participam e aprendam.
Para envolver a criança, precisamos pensar, agir e brincar como crianças.


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